Surdez em idosos: impactos e cuidados multidisciplinares no Hospital Mater Dei Santa Genoveva
Com o envelhecimento populacional, a perda auditiva tornou-se um problema de saúde cada vez mais comum entre os idosos no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, cerca de 1,5 milhão de brasileiros com mais de 60 anos têm algum grau de deficiência auditiva, um quadro que afeta aspectos físicos, mentais e sociais da vida desses indivíduos.
Causas e fatores de risco para a perda auditiva
A presbiacusia, perda auditiva natural associada ao envelhecimento, é a causa mais comum de surdez em idosos. A predisposição genética pode ser um fator determinante, mas condições de saúde, como hipertensão, diabetes, tabagismo e uso de certos medicamentos ototóxicos, também influenciam diretamente o desenvolvimento dessa condição. Entre esses medicamentos, destacam-se alguns antibióticos e anti-inflamatórios de uso crônico, além de substâncias, como cocaína, e o consumo excessivo de álcool, que podem agravar a perda auditiva.
Impactos da perda auditiva na saúde mental e social
A surdez na terceira idade afeta mais do que a capacidade de ouvir; ela tem efeitos profundos sobre a saúde mental e o convívio social. O isolamento e a diminuição da interação podem gerar sentimentos de tristeza e, em alguns casos, contribuir para o surgimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Quando o idoso perde a discriminação auditiva — a habilidade de entender palavras — as interações sociais se tornam ainda mais desafiadoras, aumentando a tendência ao isolamento e ao desânimo.
Uma abordagem precoce e eficaz para a perda auditiva é essencial para que o idoso preserve sua qualidade de vida. Exames regulares, como audiometrias e avaliações auditivas completas, são recomendados para o diagnóstico e a intervenção adequados, ajudando a evitar o agravamento da condição.
Tratamento da surdez: aparelhos auditivos e implantes
No tratamento da perda auditiva em idosos, os aparelhos auditivos representam a principal abordagem para restaurar a capacidade de ouvir. Esses dispositivos estimulam a discriminação auditiva e ajudam na compreensão de palavras, um fator crucial para o bem-estar e a integração social dos pacientes. Em casos onde a perda auditiva é mais grave e o aparelho auditivo não traz resultados satisfatórios, o implante coclear pode ser uma alternativa.
O implante coclear é um procedimento cirúrgico que insere eletrodos diretamente no ouvido interno, estimulando os neurônios responsáveis pela audição. Embora essa opção seja eficaz para casos de perda profunda, ela é menos indicada para idosos com condições de saúde que contraindiquem a cirurgia.
A importância do estilo de vida na preservação da audição
Além do tratamento direto, a prevenção da perda auditiva está fortemente associada a um estilo de vida saudável. A redução do consumo de tabaco e álcool, o controle de condições como hipertensão e diabetes, e a prática de exercícios físicos são orientações que ajudam a manter uma boa saúde auditiva. Uma alimentação rica em nutrientes, com baixos níveis de açúcar, sal e gorduras saturadas, é igualmente importante para proteger a audição ao longo da vida.
Evitar a exposição a ruídos intensos também é uma recomendação fundamental, pois o som em altos volumes pode acelerar a perda auditiva associada ao envelhecimento.
Qualidade de vida e cuidado integral
A equipe da Linha do Cuidado do Idoso do Hospital Mater Dei Santa Genoveva destaca que o acompanhamento periódico e a atenção ao menor sinal de perda auditiva são importantes para garantir uma melhor qualidade de vida aos idosos. Profissionais especializados, como otorrinolaringologistas e geriatras, estão preparados para oferecer suporte completo aos pacientes, priorizando diagnósticos precoces e tratamentos eficazes.
A audição é um sentido fundamental para o bem-estar emocional e social, e, com os avanços nos tratamentos auditivos, é possível que os idosos preservem essa função por mais tempo, garantindo uma vida ativa, autônoma e conectada ao mundo ao redor.