Setembro Amarelo: como está a saúde mental e emocional de seus funcionários?
Assunto pouco discutido, o aumento de tentativas do autoextermínio chama a atenção de especialistas. A meta da OMS é reduzir em 10% a mortalidade por suicídio até 2020.
O mês de setembro marca a luta contra um problema de saúde mundial considerado grave: o suicídio. Por vários anos evitava-se falar sobre isso. Era um assunto rodeado de tabus, o que não permitia enxergar quem estava mais vulnerável. A Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) alerta que o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo e é a segunda principal causa de morte entre as pessoas de 15 a 29 anos de idade.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. Desse número, aproximadamente 65 mil casos acontecem anualmente em todo o continente americano.
No Brasil, de acordo com a cartilha do Ministério da Saúde, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida por ano. Confirmando essa estatística, o Santa Genoveva Complexo Hospitalar atendeu, de janeiro até o início de setembro desse ano, 27 tentativas de autoextermínio. Estes números foram apurados por meio dos registros do Serviço Social e da Psicologia do Hospital.
As taxas de suicídio vêm crescendo ano após ano, em quase todas as faixas etárias, inclusive no Brasil. Ainda assim, pouco se fala sobre o assunto em ambientes de trabalho. Com a era de cumprir metas, prazos e gerar lucros, muitas empresas acabam esquecendo da importância de manter e garantir a saúde mental e bem-estar de seus colaboradores.
De acordo com a psiquiatra do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Ana Carolina Chaves Alucio, é importante que as empresas e funcionários estejam preparados para lidar com a saúde mental das pessoas. “As empresas têm que criar ambientes mais saudáveis, com comunicação efetiva, gerando sentimento de pertencimento ao grupo de trabalho, e evitar marginalizar pessoas que estão passando por algum problema ou momento de dor. É preciso pregar empatia à dor humana”, afirma.
“Mesmo que o ambiente de trabalho esteja associado à pressão, quando estão diante de uma situação de desequilíbrio da saúde mental ou risco de suicídio, as empresas devem assegurar que o funcionário seja assistido por um médico ou psicólogo. É importante, também, criar conexão empática, com laços, para que seja um ambiente de apoio e não apenas associado como ambiente de risco. Nesses momentos, é importante que a empresa seja suporte e não a causa de mais estresse aos funcionários em situação de alerta”, completa a médica.
Para a psiquiatra, ter pensamentos de morte como única saída frente a algumas situações de dor ou impotência extrema, é comum ao ser humano e envolvem uma série de fatores biológicos, emocionais, culturais, filosóficos e religiosos. “É difícil definir o que leva uma pessoa a se matar. Acredito que não haja uma única causa, mas um conjunto de fatores que levam o indivíduo ao extremo. Estudos sugerem que 90% das vítimas de suicídio tinham alguma doença mental, o que pode não ser determinante, mas expõe a pessoa a uma vulnerabilidade maior ao ato”, avalia.
Segundo a gestora de recursos humanos do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Giselle do Carmo, o hospital está empenhado em realizar eventos e ações que contribuam positivamente na vida e realidade de seus colaboradores.
“É de suma importância que a empresa desenvolva programas e projetos que promovam a qualidade de vida e que sejam voltados para a saúde física, social e emocional dos colaboradores. Nosso Programa de Qualidade de Vida contempla ações como palestras temáticas, massoterapia, yoga laboral, ginástica laboral, liberação do Gympass, Diálogo de Saúde e Segurança, acompanhamento nutricional e acompanhamento psicológico. Tudo pensando na importância de garantir um ambiente mais saudável para nossos colaboradores”, explica a gestora.
“Este é um tema de saúde pública grave, que demonstra o maior grau do sofrimento humano. É importante cada vez mais falarmos sobre isso para levarmos informação e, principalmente, solidariedade às pessoas”, finaliza Ana Carolina Chaves Alucio.