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Janeiro Branco: Você tem cuidado da sua saúde mental?

Neste mês de Janeiro que é dedicado à conscientização e prevenção da saúde, como podemos cuidar de nossa saúde emocional?

Episódios de angustia, ansiedade, crise de pânico, transtornos obsessivo compulsivo, dentre outros distúrbios psíquicos se intensificaram pela pandemia, que trouxe inúmeras perdas. Perdas de entes queridos, perdas de contato social e afetivo, perdas materiais e profissionais. As consequências podem se observadas no aumento da irritabilidade, tristeza, ansiedade e impulsividade gerando também manifestações somáticas, como distúrbios alimentares e de sono, dentre outros. O uso em excesso da tecnologia, da internet, em especial com redes sociais, além do excesso de informações, falsas e verdadeiras, podem gerar uma exaustão mental. Por isto falar sobre nossa saúde emocional nunca foi tão importante como agora.

 

O que fazer para melhorar essa realidade?

Quando falamos em saúde temos que considerar os aspectos que a compõe: físico, mental, emocional social e espiritual e a integração do ser. Podemos pensar primeiramente sobre a importância do auto conhecimento que está vinculado ao cuidado. Quando nos conhecemos podemos nos cuidar de uma maneira melhor, de forma integral. Para compreender os fenômenos humanos, como Winnicott buscou em sua teoria do desenvolvimento emocional, temos que considerar não somente o momento, fase da vida em que nos encontramos assim como o nosso entorno, nossos relacionamentos, a sociedade e cultura em que estamos inseridos. Saúde está associada à maturidade, e ela se modifica dependendo do processo ao qual estamos. Então o conceito de saúde se modifica dependendo do estágio ou processo maturacional em que o individuo está. A saúde pode ser pensada pela presença de determinadas conquistas, mas isto não significa que determinados fenômenos, como sintomas ansiedades, defesas, conflitos, sofrimentos e outros aspectos adoecidos, devam estar ausentes. Neste sentido precisamos rever a ideia de normalidade, pois para Winnicott, a vida é inerentemente difícil e no individuo relativamente saudável, encontramos variados sintomas. A saúde está associada à percepção criativa do próprio ser, a partir de uma percepção de si mesmo, de sua própria subjetividade. Capacidade de se ter uma vida a partir de si mesmo, com um colorido que se impõe à vida a partir das experiências pessoais. A doença emocional traz a incapacidade de criar, portanto a necessidade de submeter-se. Winnicott lutava pela liberdade de ser e contra as abordagens repressoras. Lutou contra as formatações.

A saúde implica na presença de variados atributos: como uma riqueza na realidade psíquica interna; flexibilidade, maleabilidade na organização de suas defesas. Quanto mais saúde psíquica, mas variada, menos monótona será na sua sintomatologia. O ser saudável é aquele com capacidade para brincar e aberto à experiências culturais e novas aprendizagens, o ser saudável tem uma capacidade para tolerar e suportar a ambivalência, é capaz de sentir culpa e de efetuar reparações. Se expressa espontaneamente, tem uma maneira própria e única de estar no mundo, com a sua individualidade e subjetividade. Na saúde existe o senso de humor, que traz uma leveza à vida, que sabemos ser difícil. Ter saúde emocional é se capaz de ter esperança e confiar ,é capacidade de ter empatia e para finalizar o individuo saudável terá a capacidade de morrer quando este momento naturalmente ocorrer. É muito importante o combate aos preconceitos pois o transtorno mental não é fraqueza de vontade, não é falta de fé ou de amor, não é ofensa. Pensar desta maneira dificulta um olhar e um cuidado que pode transformar por escuta, por palavra, medicação. O transtorno mental é uma evolução ruim do sofrimento e sofrimento não é doença.


Adriana Barbosa de Freitas Capparelli

Psicóloga

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