Dia da Gula: quando comer em excesso prejudica a saúde
Pesquisa do Ministério da Saúde aponta que um em cada cinco brasileiros é obeso
Considerada um dos sete pecados capitais, a gula tem um dia dedicado a ela no calendário anual de datas comemorativas: 26 de janeiro. O Santa Genoveva Complexo Hospitalar compreende a data como um momento para conscientizar sobre os riscos para a saúde em manter uma alimentação desregrada e com ingestão calórica em excesso.
Dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018, realizada pelo Ministério da Saúde, apontam que mais da metade da população está acima do peso. Já a obesidade atinge um a cada cinco brasileiros. A porcentagem de obesos subiu de 11,8% em 2006, para 19,8% em 2018.
Nessa pesquisa, os números também apontaram que o crescimento da obesidade foi maior entre os adultos de 25 a 34 anos e 35 a 44 anos, com 84,2% e 81,1%, respectivamente. A pesquisa da Vigitel é realizada anualmente pelo Ministério da Saúde, por meio de entrevistas telefônicas.
A obesidade é, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. A projeção é que em 2025 existam cerca de 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e mais de 700 milhões de obesos no planeta.
Segundo o médico nutrólogo e coordenador clínico da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Cláudio Barbosa, a alimentação exagerada pode trazer transtornos digestivos e metabólicos, como a obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, dentre outros problemas de saúde.
“A gula, bem como todo tipo de excesso, traz um desiquilíbrio físico e psíquico que pode evoluir para complicações mais sérias com o passar do tempo”, pondera.
Cláudio Barbosa conta que a compulsão alimentar tem maior prevalência na fase adulta, em especial em pacientes que buscam tratamento para emagrecer. “O simples hábito de comer em excesso pode vir a se tornar uma doença, conhecida como Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica. O tratamento especializado é feito com atendimento médico e psicológico. É importante frisar que, quando chega a se tornar uma doença, ela não se cura sozinha e não melhora apenas com a força de vontade. É preciso acompanhamento médico”, salienta o nutrólogo.
Engana-se quem pensa que a gula e a compulsão alimentar estão associadas apenas ao sobrepeso e à obesidade. Para o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a alimentação e nutrição inadequadas são classificadas como a segunda maior causa de câncer que pode ser prevenida. Elas são responsáveis por até 20% dos casos de câncer nos países em desenvolvimento, como o Brasil, e por aproximadamente 35% das mortes pela doença.
Ainda, de acordo com o INCA, para cada 100 pessoas com câncer, 33 casos poderiam ser evitados caso a população adotasse uma alimentação saudável e colocasse a atividade física na rotina para manter o peso adequado.
Para manter hábitos saudáveis de alimentação, o médico ressalta que é importante comer lentamente, com prazer, sem culpa e com alegria. “Devemos construir para com os alimentos uma relação positiva em que nos permitimos degustar daquele prato porque fizemos por merecer e necessitamos da comida para ter saúde. Mas precisamos cuidar, também, da quantidade ingerida e da qualidade dos mesmos. Apostar em alimentos variados, multicoloridos, da época e preparados com higiene e criatividade, sempre conforme a tolerância alimentar individual”, finaliza o nutrólogo Cláudio Barbosa.