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Distúrbios do sono são condições que interrompem a capacidade de dormir o suficiente com qualidade. Uma pesquisa inédita no Brasil sobre a qualidade do sono do brasileiro, conduzida pela MindMiners e coordenada pela consultoria Unimark/Longo,  mostra que 62% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono, percentual muito acima da média mundial, que é de 45%. O mesmo estudo, chamado “Acorda, Brasil!”,  constatou que 68% das pessoas admitiram que têm um comprometimento da atenção ao acordar, ou seja, elas se acordam mas têm dificuldade em de fato despertar e sofrem para conseguir prestar atenção em quaisquer tipos de atividades nos primeiros minutos do seu dia.

O que diz o especialista

Segundo o neurologista especialista em sono do Complexo Hospitalar Santa Genoveva, Dr. Vinícius Teodoro, o sono reparador é aquele que, após acordar no dia seguinte, não sentimos dificuldade para sair da cama. Ou seja, acordamos bem-dispostos e não teremos episódios de sonolência fora do horário do sono. Porém, entre os distúrbios mais comuns que afetam a qualidade do sono, o médico destaca a insônia nas mulheres e a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono nos homens.

Estudos científicos corroboram que dormir colabora para funções como aprendizagem e preservação de memórias, limpeza de toxinas das células cerebrais, regulação hormonal, reparação de tecidos danificados controle de emoções e comportamentos, entre outros. Não dormir o suficiente pode elevar o risco de problemas de curto e longo prazo, por exemplo: obesidade, diabetes, depressão, sistema imunológico enfraquecido, problemas de aprendizado, emocionais e de comportamento, aumento do risco de acidentes de trabalho ou no trânsito, e até mesmo conflitos de relacionamento. “A saúde em geral pode ficar comprometida pela falta de sono. Como resultado, recentemente foi descrito um processo que retira resíduos do metabolismo dos neurônios que são ativados durante a fase mais profunda do descanso. A falta desse mecanismo de limpeza pode facilitar o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como a demência de Alzheimer”, explica o Dr. Vinícius Teodoro.

Causas dos distúrbios

Os distúrbios do sono podem ser causados por problemas de saúde física, emocional e mental. Também podem ser vinculados a outras condições multifatoriais incluindo: excesso de peso, saúde mental, trabalho por turnos, alterações hormonais nas mulheres (período menstrual, gravidez, menopausa) e condições ambientais como luzes e ruídos. Além disso, pessoas com problemas de saúde, como doença de Alzheimer, doença de Parkinson, dores de cabeça crônicas, doenças cardíacas ou câncer, geralmente desenvolvem distúrbios do sono. O uso de antidepressivos, anti-histamínicos, medicamentos para asma, drogas e álcool podem contribuir para a insônia.

Sintomas de distúrbios do sono

A pessoa que sofre de distúrbios do sono e, ou seus parceiros e familiares precisam observar os seguintes sintomas: longos períodos sem respirar ao dormir, o que pode indicar apneia, sonolência diurna excessiva, ronco profundo, ruído ou inquietação durante o sono, respiração irregular ou aumento do movimento durante o sono, dificuldade em adormecer, dores de cabeça ao acordar, pesadelos consistentes e reações físicas aos sonhos.

Embora os distúrbios de sono sejam muito comuns aos brasileiros, a pesquisa “Acorda, Brasil!” mostrou que mesmo tendo plano de saúde, 86% não consideram problemas com sono uma razão suficiente para ir ao médico. No entanto, o Dr. Vinícius Teodoro ressalta a importância do diagnóstico e da orientação médica para proporcionar maior qualidade para o sono de seus pacientes. “O diagnóstico se dá por meio da utilização de questionário e diários sobre o sono, associado ao exame chamado polissonografia, realizado durante a noite, utilizando eletrodos no couro cabeludo, sensores para ronco e respiração e cintas para monitorizar os movimentos respiratórios”, informa.

Entre as orientações mais comuns que podem beneficiar todas as pessoas, independente de terem ou não algum distúrbio e está a higiene do sono. “São rotinas e medidas práticas que tomamos para facilitar o início e manutenção do sono, melhorando sua qualidade, proporcionando sono mais reparador”, diz o médico.

Abaixo, o Dr. Vinícius Teodoro, neurologista especialista em sono, elaborou dicas para dormir bem e fazer a higiene do sono.

Higiene do sono

• Estipular um horário fixo, para deitar-se e acordar, mesmo durante o fim de semana;
• Caso a pessoa faça uma sesta, não deve ultrapassar 45 minutos, nem deve ser próximo do final do dia;
• Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro, pelo menos 4 horas antes de deitar-se;
• Evitar a ingestão de alimentos e bebidas com cafeína pelo menos 6 horas antes de dormir, como café, chás, chocolate ou refrigerantes, como guaraná e cola;
• Praticar exercício físico regular, mas evitar fazê-lo próximo do horário de dormir;
• Fazer refeições ligeiras ao jantar, evitando comidas pesadas, açúcar e picante;
• Deixar o quarto a uma temperatura confortável;
• Promover um ambiente silencioso e com pouca luz;
• Manter longe dispositivos como celular, TV ou relógios digitais, por exemplo;
• Evitar usar a cama para trabalhar ou para assistir TV;
• Evitar permanecer na cama durante o dia;
• Usar roupa adequada e confortável para dormir.

Como dormir bem?

• Encontre a melhor posição possível para iniciar o sono;
• Relaxe todos os músculos do rosto. Todo o seu rosto deve estar relaxado para você conseguir dormir rápido;
• Faça o resto do seu corpo descansar. Relaxar o rosto e os globos oculares funciona como um sinal para o cérebro descansar. Pouco a pouco, relaxe as partes do corpo de cima para baixo: pescoço, ombros, braços e pernas;
• Respire profundamente, semelhante ao método usado para meditação profunda. Agora, comece a inspirar e expirar de vagar, sentindo todos os músculos do corpo relaxarem;
• Não pensei em coisa alguma. Este é o passo mais difícil e certamente o mais complicado de aplicar (é por isso que o fundamental é treinar bastante todos os passos antes de dominar a técnica).